Al-Cácer, que havia de vir
- Diogo Curto
- 17 de mar. de 2021
- 1 min de leitura
Alcácer Quibir
Fecho os olhos
Vejo as horas
E lá está ele
Como que à minha espera
Quimera de tão inocente ocorrência
De tão farto relato
E tão aborrecida e inquietante despreocupação
Dessa tão boa alma lusitana
Que tão alto se canta
(Vá, talvez alto demais)
Sebastião
Perdão, D. Sebastião
Como que gaiato à busca de gambozinos
Ou encarnando a mais pura noção de pátria
Lá vai, destinado a África
Procurar contento
Nas árabes (an)danças
E os poetas aqui o esperaram
Com a pena pronta
A tinta solta
Mas o herói não chegaria
Mas não é que,
Oh, meu caro leitor
banhista ocidental,
Ainda os mesmos poetas esperam
Com a mesma esperança
O retorno do pobre moço a Portugal
Quando li
"Alcácer Quibir"
E as mesmas palavras me contaram
Que decerto ecoariam pelo espírito lusitano
Quis acreditar, como tantos acreditaram
De mão na bíblia, ou na constituição
Ou que lá inventem
O digo
De qualquer modo
Quando me abandona esse esplendor lírico do mais alvo e cândido integralismo nacional
Quando se me esquecem Pessoas e Floresbelas do meu mítico Portugal
Tudo o que sobra é o povo
E o povo
Se se recorda
É muito mal
Comments