Copo de água
- Diogo Curto
- 26 de ago. de 2020
- 1 min de leitura
Foi-me roubado esse mundo
Em que um copo de água derrubado numa mesa
Não passa de um copo de água
Derrubado numa mesa
Sem constatações
Apenas um copo de água
Horizontal, e então?
Não deixa de ser
Também tem o direito de ser derrubado
Não tem é direito à reflexão
Que culpa tem que o personalizemos?
Que os homens sejam reféns do abstrato
Que romanceemos tudo à nossa volta
Por uma surpresa infantil cada vez que nos achamos vivos
E a vida não é mais que uma das coisas que hão de acontecer
E os acontecimentos não existem em infinito
Porque o infinito é só, nisto de existir
Nisto de existir, todos os outros desistiram
Então não é verdade que a nossa periferia é a periferia?
Os outros que nunca fomos nós
E por isso aqui nos encontramos
Tu, eu, este verso
Que é penúltimo
Ainda bem que no mundo do sujeito poético um copo de água derrubado numa mesa não é somente um copo de água derrubado numa mesa...Ficamos todos a ganhar!